A Aventura dos Seixas

Quando o pai, Luciano, levou seus filhos nos boxes da Stock Car, João e Nick chamaram a atenção do experiente jornalista Reginaldo Leme, que ao vê-los comentou:

- Precisamos de mais "Hamiltons" no automobilismo, falou e anotou seus nomes o astuto comentarista.

João Francisco Seixas Guimarães Machado, 9 anos de idade e Nicolas Seixas Guimarães Machado, 8 anos, já estão fazendo história no esporte. Os irmão Seixas correm no campeonato Meta Kart e Luciano é quem conta os detalhes de como começou toda essa aventura esportista:

– Moramos bem próximos do Shopping Metropolitano, e pudemos acompanhar as obras no estacionamento e depois vimos que era uma pista. No primeiro andar do shopping, ficou um kart em exposição. Foi a primeira vez que eu e as crianças olhamos um kart de perto. Os dois tiveram a fase de aficionados com aquela animação da Disney do "Carros", e depois veio a fase do Hot Wheels. João e Nick, no maternal, só entravam em sala de aula se tivesse com um carrinho do Relâmpago McQueen na mão, lembrou.

– De repente o João começou a pedir muito para andar de kart, depois que inaugurou a pista, escutava o barulho toda vez que a gente ia no estacionamento. "Papai, vamos no kart, papai, vamos no kart".

Luciano continua:

– No final do mês de janeiro de 2024, levamos os meninos lá no Kartódromo de Guapimirim, e arrumamos um teste para o João, na equipe, que ele corre até hoje, a DTM, com o treinador Marcelo Dentinho. O teste, foi superbeleza. O Nick também começou a pilotar lá em Guapi, um pouco depois do João, na escolinha. Assim eles começaram realmente a praticar o kartismo, tanto no Meta kart quanto em Guapi. Em março o João já fez a primeira corrida numa categoria chamada School Kids, para meninos não federados que estavam bem no inicio.

Ídolos no esporte, no automobilismo, Luciano diz que é o Ayrton Senna:

– Senna é o ídolo comum, tanto do João como do Nicolas, e o Lewis Hamilton, pelo fato dele, além de ser um excelente piloto, muito vitorioso, melhor de todos os tempos, ser negro. Isso cria uma referência e afinidade muito legal para eles aqui em casa. São tão poucos pilotos negros, não só na F1. No Meta kart, a gente tentou fazer uma bateria da Consciência Negra só com pilotos negros, mas infelizmente não foi possível, por questões de agenda, mas esse ano, se Deus quiser, a gente vai conseguir fazer uma bateria com pilotos negros. Lá em Guapi, ano passado, o João era o único piloto negro do grid, tem gente que chama ele de Hamilton brasileiro. O Lewis na Fórmula 1, o Kenzo Craig no kartismo. No Brasil, os ídolos máximos, sâo dois brasileiros, estão na Stock Car, os irmãos Felipe Batista e Victor Batista. Dia de prova na Stock Car aqui em casa é igual ao final de Copa do Mundo.

Os primeiros contatos com os karts, Luciano lembra como se fosse hoje:

– Foi muito interessante quando João saiu do kart, pela primeira vez, parecia que estava flutuando e eu me lembro dele ter falado assim para a minha esposa: "Mamãe, já sei o que eu quero ser quando crescer. Quero ser piloto de kart, quero ser piloto profissional".

– A gente voltou na pista do Metropolitano no dia 30 de dezembro, continuou Luciano, só que nesse dia já tinham mais crianças e aí ele ganhou a bateria. Na primeira semana de janeiro, voltamos a pista e ele ganhou de novo.

– Já, a estréia do Nicolas, foi mais sofrida, ele ainda não podia correr nessa época com o irmão, porque não tinha 8 anos. Então, ficava lá com o olho comprido, vendo o irmão correr. Nicolas ficou contando os meses, os dias, as horas, os minutos para fazer 8 anos. Aliás, o Nícolas comemorou seu aniversário no Meta kart, e o João também. Foi muito legal a farra que eles fizeram com outros pilotos, foi um barato. Hoje, me arrependo de não levá-los antes no Meta kart, com medo deles baterem, se machucarem, enfim, machucar até outras crianças, mas no final não foi nada disso. Luciano, sem perder o embalo, analisa os pilotos que tem em casa:

– Em relação à característica de pilotagem, personalidade fora da pista de cada um, eu acho que a maneira como eles pilotam é exatamente a expressão da personalidade deles.

Os dois são meninos muito alegres, assim, tem um espírito bem jocoso e fazem graça, piada com tudo, o que me dá muito prazer em ver. João, é mais destemido, não tem medo de nada e é mais atirado.

Ele vai no kart, pede pra andar de moto, salta de paraquedas. Isso faz com que ele seja um piloto mais agressivo. O Nick, já é mais cauteloso, mais estudioso, é mais calculista, pensa mais na hora de fazer as coisas em casa, no dia a dia. O Nicolas é mais técnico e o João mais agressivo.

A família Seixas, já pensanso no futuro, projeta:

– Em relação à estratégia para seguir no esporte com dois pilotos, o João é o que está mais adiantado. Ele tem realmente interesse em continuar disputando o Campeonato Carioca, o Estadual do Rio de Janeiro, além de correr no Meta kart. O Nícolas, ainda não vai competir, ele gosta mais de correr por prazer e menos por competir. É um esporte muito caro, realmente difícil. Temos que fazer um grande sacrifício para que eles possam estar dentro do esporte. Quem olha de fora, acha que é muito caro, não consegue ver o benefício que o esporte traz. Os meninos são outras crianças, ativos na tomada de decisão, tiveram melhora na coordenação motora, melhora cognitiva, sem falar nas boas amizades que eles fizeram, e o salto de maturidade que tiveram. Eles melhoraram na escola. Inclusive a professora do João, foi no Meta kart, ver uma prova dele e ficou, encantada com tudo, com o campeonato, e com as crianças pilotando em alto nível num ambiente saudável. Já conseguimos alguns apoiadores.

– O Meta kart, deu um grande apoio, a Base, o Açaí Box e a Stanley Brasil, também estão apoiando o João. Estamos empenhados em conseguir patrocínio, empresas que gostariam de patrocinar o João, porque a gente tem grandes expectativas para 2025. Que ele possa disputar em outros estados como São Paulo e Minas Gerais, e que ele consiga fazer clínicas. Mas para isso a gente precisa de empresas que tenham interesse em patrocinar o João, que é um piloto muito esforçado, que ama estar dentro do kart. Para ele não tem tempo ruim, se estiver chovendo, entra no kart, se estiver nevando ele entra, se tiver um sol de 50, 60 graus, ele vai, ele tem essa força de vontade.

Então, esperamos que os "Seixas", consigam realizar seus objetivos e continuem a evoluir no esporte, porque, como disse o Reginaldo Leme, precisamos de mais Hamiltons no automobilismo... e na vida!